terça-feira, 27 de março de 2012

Estresse do Treinamento para o Ironman


O Ironman é uma prova de triathlon com as distâncias de 3,8 quilômetros de natação, 180 quilômetros de bicicleta e 42,180 quilômetros de corrida. Este percurso pode ser percorrido pelos atletas em até 17 horas. Para este ano as inscrições para esta prova, que ocorre no Brasil na cidade de Florianópolis, terminaram em cerca de 14 minutos.

Para as pessoas que não estão envolvidas neste esporte a prova parece ser  impossível, mas para os atletas a pior parte, com certeza,  é o longo período de treinamento, iniciado  até 6 meses antes da competição. 

Existem muitas variáveis que podem interferir neste longo período de treinamento como problemas familiares, estresse no trabalho e até mesmo lesões. Problemas estes que podem acabar com o sonho do atleta inscrito para a prova há aproximadamente 1 ano.

Sabemos que a parte física é treinada por este longo período, porém todos os atletas de provas longas, como maratonas e ironman, sabem que o estresse psicológico tem grande impacto no desempenho tanto durante a prova como no longo período de treinamento.

O estresse pode causar diversos distúrbios e doenças nos atletas, entre elas as dores no corpo, tensão muscular, irritação, falta de concentração, insônia, herpes, afecções da mucosa bucal (aftas), gripes e resfriados, falta ou excesso de apetite, e pode também dar origem a dores de cabeça e doenças mais graves.

            A vida pessoal dos triatletas esta diretamente ligada a sua condição física. As longas horas de treino geram um cansaço que pode interferir no convívio com a família e com os colegas de trabalho. As inúmeras cobranças geram um desgaste psicológico que pode influenciar na sua condição física.

Diversos estudos foram realizados para investigar a influencia do estresse e da ansiedade em atletas. Entre os temas mais investigados estão, por exemplo, o estresse pre-competitivo, os efeitos do estresse sobre o organismo de atletas, os níveis de estresse em atletas e os sintomas de estresse.

Em um estudo realizado na Universidade de Santa Catarina em 2007 com 6 atletas, com idade entre 25 e 35 anos, todos seguiram o mesmo plano de treinamento progressivo para realizar o Ironman daquele ano. Foram avaliados os níveis de estresse físico e psicológico durante o período de treinamento.

Para verificar este nível de estresse foi utilizado um questionário chamado ISSL – Inventário de Sistemas de Estresse para Adulto Lipp – que consiste de um questionário dividido em quadros relacionados as quatro fases do estresse – alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão. Avalia os sintomas físicos e psicológicos nas fases do estresse. O questionário foi aplicado a cada fim de mês de treinamento, com duração de 6 meses, totalizando 5 períodos de coletas de dados.

O resultado encontrado foi um aumento do desgaste físico constante no primeiro período de treinamento, que corresponde ao primeiro e segundo mês e no quarto período, correspondente quarto e quinto mês de treinamento.
Isto provavelmente ocorreu devido ao período de treinamento mais intenso com maior volume de treinos e a não adaptação do organismo ao estresse causado pelo treinamento em si, porém este valor teve um decréscimo até o final do período de treinamento que seria a fase de polimento um mês antes da competição.  

Já os sintomas psicológicos tiveram um aumento no segundo e terceiro períodos, decaindo no próximo período e subindo novamente seus valores no último período que consistia no período pré-competição.

Em outro estudo realizado em 2002 com triatletas, verificou-se que os fatores estressores emocionais também tinham aumentado nos períodos de treinamento anteriormente citados. Entre os fatores estressores emocionais estavam doença e morte na família, conflitos familiares e problemas amorosos.

Entre os sintomas psicológicos que tiveram alterações e merece destaque está a insônia ou dificuldade para dormir , notada no terceiro período de treinamento e  tornando-se crônica no último período.

Este sintoma á muito preocupante, pois sabemos que o sono é muito importante na recuperação ao desgaste do treinamento junto com a suplementação. A falta de ambos pode levar a lesões osteomusculares, além de gerar desgastes psicológicos, diminuição da concentração e perda de foco na principal fase do treinamento, última fase ou período de polimento.

Um dos objetivos da acupuntura durante a preparação do Triatleta para as provas é reduzir os sintomas de estresse durante as fases de treinamento.  O aumento da produção hormônios que causam melhora do padrão de sono, gerados pela aplicação da acupuntura, podem evitar todos os prejuízos gerados pela dificuldade de sono. Além de ser uma terapia que não provoca efeitos colaterais, como os medicamentos. 

Portanto o que vocês acham de utilizar este recurso para esta fase final de treinamento?

Bons treinos a todos vocês e lembrem-se de aproveitar esses últimos treinos para trabalhar a parte psicológica além da parte física.

Referência:
  • Estresse de Triatletas em Treinamento para o Ironman, Szaneszi, D.S., Krebs, R.J., 2007.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Acupuntura na Fascite Plantar

Sabemos que a atividade física é uma atividade natural, porém praticada em contexto específico, como a competição esportiva, pode gerar dor e lesões, principalmente quando mobiliza movimentos não usuais do praticante. 
Esse tipo de atividade tem causado um aumento no nível de lesões tanto pela falta de acompanhamento profissional adequado como pelo desconhecimento de periodização de treinamento.
A dor tem uma presença constante na vida de atletas de alto rendimento mesmo não profissionais, que treinam com regularidade com uma rotina de treinos semanais de quatro a cinco vezes objetivando a superação dos seus próprios limites. É consenso entre os estudiosos que a dor é um fator limitante no desempenho em qualquer situação, uma vez que suas conseqüências geram perda da concentração e insegurança, podendo chegar a incapacidade.
A corrida de rua tem conquistado um grande número de adeptos, pela sua facilidade em praticar. Correr freqüentemente é até recomendado por médicos para prevenir e tratar muitas doenças como diabetes, problemas cardíacos, obesidade, hipertensão, hiperlipidemia e osteoporose. Mesmo assim correr pode aumentar os riscos de algumas lesões músculos esqueléticas.
A fascite plantar caracteriza-se por uma dor no retro pé. Corresponde a uma alteração musculoesquelética que afeta principalmente a inserção das fáscias plantar do calcâneo e é considerada uma síndrome degenerativa. Com freqüência ocorre em dançarinas e corredores. A sobrecarga mecânica e o excesso de tensão produzem lesões na fascia plantar que conduz a um processo de reparação inflamatória.
Em um trabalho realizado no Centro de Estudos Socioculturais do Movimento da EEFE-USP em 2008 foi discutido o uso da acupuntura em corredores de provas de fundo com diagnóstico de fascite plantar.
O trabalho foi realizado com 7 corredores de ambos os sexos com idades entre 35 e 45 anos que competem em provas olímpicas e de rua com queixas de dor na região da fascite plantar e pólo plantar do calcâneo. No questionário inicial todos os atletas tinham índices de dores elevados conforme escala de dor de 0 a 10. 
Todos atletas já tinham realizado tratamento medicamentoso com antiinflamatórios esteróides e não esteróides, ortóticos com calcanheiras de silicone e fisioterápicos com alongamentos e ultra-som, sem obter resultados satisfatórios.
Foram realizadas duas sessões de acupuntura semanais com duração de 30 minutos por três semanas. Após 5 sessões observou-se a remissão completa de dor em todos os atletas que retornaram progressivamente as atividades esportivas sem queixas.
No trabalho concluiu que a acupuntura atuou na dor sobre a região da fascia plantar e pólo plantar de calcâneo de forma satisfatória, diminuindo a dor e facilitando o retorno as atividades esportivas como treinos e competições em níveis anteriores á lesão. Apesar de não poder provar a eficácia isolada da acupuntura, por não ser realizado um grupo sem o tratamento com acupuntura, pode-se afirmar que a Acupuntura favoreceu para um melhora na dor e no estado emocional dos atletas não obtidos com os tratamentos anteriores.


Texto baseado no estudo de Flavio de Godoy Moreira e Kátia Rubio "A dor em Corredores com Fascite Plantar: Uso da Acupuntura." de 2008.